sábado, 25 de agosto de 2012

Taís tem estrela


Aos 30 anos, Taís Araújo antecipa volta ao Brasil após temporada em Paris e comemora a realização do sonho de interpretar sua primeira protagonista no horário nobre da globo




Fazia tempo que Taís Araújo pensava em passar um período na Europa. A ideia era ficar três meses em Paris, estudando e desvendando a cidade e os países vizinhos que estão ao alcance de uma viagem de trem. Seriam as férias sempre adiadas, mas os planos tiveram de se adaptar mais uma vez ao trabalho. Na sextafeira 6, ela decidiu que interromperia a temporada na Cidade Luz e voltaria ao Brasil para realizar um desejo maior. "Há garotas que sonham casar, entrar na igreja. Eu trabalho desde pequena e o que sempre quis foi fazer uma protagonista da novela das oito. Meu sonho de menina está se realizando", disse a atriz, que será Helena em Viver a Vida, próxima novela das oito da Rede Globo, escrita por Manoel Carlos.

Nos últimos dias pela capital francesa, Taís contou com a ajuda dos amigos para aproveitar o finalzinho da temporada. "Estou pedindo dicas de todos os restaurantes incríveis. Agora, não posso arriscar. Estou aproveitando para jantar sozinha em todos os lugares que eu quero conhecer", contou ela na quarta- feira 11, ainda em Paris. No fim de semana, partiria para um passeio na Bélgica junto com amigos que conheceu nas aulas de francês. A viagem de volta ao Brasil estava marcada para a quarta-feira 18.






O convite para fazer a personagem tão sonhada foi oficializado durante um bate-e-volta Rio de Janeiro- Paris, quando ela esteve por aqui para fazer um trabalho publicitário. Helena será uma modelo que se casa com um homem mais velho, interpretado por José Mayer, e se despede da profissão. "A escolha da Taís atende a um antigo desejo de escrever para ela, uma atriz que admiro e com quem nunca trabalhei", diz Manoel Carlos. "Helena é uma jovem bonita, determinada, que sempre soube o que quis", adianta o autor. A personagem soma-se a outras mulheres fortes interpretadas pela atriz. "Acho que os autores veem em mim essa determinação.




Mas essa valentia está toda no trabalho. Fora, sou uma bobona", ri. E o que lhe dá medo? Feito o valente Riobaldo, de Grande Sertão: Veredas, ela diz que "viver é muito perigoso."

''Estou felicíssima e cabe a mim trabalhar duro para que eles não se arrependam da escolha deles''


O trabalho na novela entrará não apenas para sua história pessoal, como também da tevê. Será a primeira Helena negra e a mais jovem. "Não é um peso, é puro prazer. Estou felicíssima e cabe a mim trabalhar duro para que eles não se arrependam da escolha deles. Tenho certeza de que não vão se arrepender porque vou fazer com muita dedicação", diz ela. Antes disso, Taís já havia feito outros trabalhos "inaugurais": foi a primeira protagonista negra em tramas da Globo, em Da Cor do Pecado, de 2004, e a primeira a apresentar um programa de beleza, o Superbonita, no GNT.




"Foi muito importante fazer aquela personagem, a novela ter dado certo", disse, deliciando-se com um pão de queijo em um café de São Paulo poucos dias antes de embarcar para a França e se entregar a brioches parisienses. "No início, eu me defendia dizendo: 'Estou aqui para fazer o meu trabalho.' A emissora aposta em uma protagonista negra e ela não dá certo? Se isso acontecesse, seria porque não deu certo para mim, nem para os meus filhos, nem para ninguém, né?" A novela foi uma das maiores audiências da faixa das sete, chegando a marcar 47 pontos em um capítulo, índice de trama das oito. "Sempre que chegam os convites, sei que têm essa importância social, mas não coloco isso como um peso. Senão, atrapalha. Há muito empenho para que dê certo."


TEXTO AINA PINTO

Mas questões sociais como essa a interessam tanto que a fizeram ficar acordada de madrugada para acompanhar a apuração dos votos da eleição do presidente americano, Barack Obama. "Não consegui dormir enquanto não vi aquele cara entrar lá e falar para aquela multidão. Fiquei profundamente emocionada, deitada na minha cama, chorando. Liguei para minha mãe para dizer: 'Olha, que ótimo!' Porque ele é o meu presidente, entende?" Naquela mesma madrugada, Taís decidiu que iria para Washington assistir à posse. "Fui sozinha. Foi tão bom, tão engraçado, porque é o tipo de coisa que dificilmente eu faria no Brasil, da maneira como fiz, de pegar um trem, ir no meio da multidão, ver a união, a celebração, a esperança", empolga-se, para logo depois ponderar. "Não bastou ele ser eleito. O mundo espera o que ele vai fazer durante o governo, porque cada passo que ele dá é importante para mim, para os meus filhos, para os meus netos."

''Há garotas que sonham casar, entrar na igreja. Eu trabalho desde pequena e o que sempre quis foi fazer uma protagonista da novela das oito. Meu sonho de menina está se realizando''

Esses dois movimentos, de empolgação e ponderação, estão presentes o tempo todo na conversa. Ao mesmo tempo em que fala da importância de suas personagens, diz que não gosta de criar expectativas; se ela confessa estar realizando um sonho, diz também que é apenas mais um trabalho no qual vai se empenhar; assume-se vaidosa, mas não acha que cuidar da beleza tenha que ser obrigação. O único assunto em que só um lado da moeda tem lugar são os sobrinhos, os gêmeos João Pedro e Lucas, de 5 anos. Já chegou a cancelar um trabalho para passar um fim de semana com eles, que vivem em Brasília. E se diverte falando sobre os dois. "Estava com o cabelo enrolado e perguntei ao João Pedro: 'Você gostou do cabelo da Dinda?' E ele: 'Gostei. Está malucão, enroladão. Palhaço tem cabelo assim", ri. "É fofo, né? Ele achou lindo."

TEXTO AINA PINTO


''Fui sozinha. Foi tão bom, tão engraçado.É o tipo de coisa que dificilmente eu faria no Brasil: pegar um trem, ir no meio da multidão, ver a celebração, a esperança''
SOBRE SUA IDA A WASHINGTON PARA A POSSE DE BARACK OBAMA


Mas crianças ainda não fazem parte dos projetos de Taís. "Um dia eu quero ser mãe, não sei quando. Fui criada com meu pai muito presente, minha mãe também, acho importante ter a figura do pai, por mais que não fique a vida inteira", acredita ela, que diz não estar em busca de quem ocupará esse posto. Está solteira e diz que não teve tempo nem para viver um romance em Paris. "Vim para estudar", encerra ela, que foi casada por dois anos com Lázaro Ramos, mas não gosta nem de mencionar o relacionamento que tiveram.

Isso não significa, no entanto, que ela passe muito tempo sozinha. As amigas são companhias frequentes. "Só fiquei sozinha em Paris na primeira semana. Depois, a Paula, que conheço desde que tenho dois anos, veio para passar 15 dias", conta. As duas eram vizinhas no Méier, no Rio de Janeiro, onde Taís viveu até os 8 anos. "Quando me perguntam de onde sou, digo que sou de lá, embora tenha passado a maior parte da vida na Barra. Mas é que me identifico com a cultura da Zona Norte. Tenho o maior orgulho de fazer parte." Ao mesmo tempo, Taís gosta de programas refinados, é interessada por moda. Ela exemplifica contando que certa vez estava na Broadway, em Nova York, assistindo a um musical e, no intervalo, recebeu um telefonema do tio convidando-a para ir a um bar, no Rio, para ouvir samba. "Gosto das duas coisas.
Tudo é encantador. Não tem graça comer só em restaurante classe A, só escutar um tipo de música. Quero experimentar de tudo. E, de fato, eu me divirto e fico à vontade em qualquer tipo de lugar."
Na capital francesa, ela aproveitou programas típicos, como tomar café e vinho nos finais de tarde, e teve "vida de estudante". "O colégio fica a 15 minutos de casa. Vou caminhando todas as manhãs. E fiz muitos amigos. Isso é o mais legal da Europa, conhecer pessoas", conta. Essa rotina de estudante que ela não pôde aproveitar muito quando cursou faculdade de jornalismo, concluída em 2008 com a apresentação de seu projeto, um estudo sobre o comportamento de mulheres contemporâneas. "Mulher é a coisa mais louca e rica do mundo. No fundo, o que todas querem é ser aceitas. Isso me faz ficar interessada em me comunicar com elas, para conhecê-las e conhecer também as minhas maluquices, as minhas loucuras", conta.
Foram oito anos para terminar a faculdade, devido a compromissos profissionais. "Essa vida de faculdade, de sair, ir ao barzinho, eu curti muito pouco. Saía de lá e ia trabalhar." Taís começou a carreira de atriz quando criança. "Não sei o que é feriado e fim de semana há muitos anos e isso não faz diferença. Trabalho desde os 11 anos, estou na tevê desde os 15, e não lamento nada. Tenho o maior prazer em ir para o Projac (o centro de produções da Globo), prazer no trabalho. Gosto de chegar, passar o crachá, fazer minhas cenas, estudar."
Quando fez 30 anos, em novembro passado, ela resolver se dar de presente a viagem a Paris, uma espécie de férias, e festejar sem crise. "Vivi essa transição intensamente. Essa viagem faz parte disso. Com a vida que tenho e o caminho que tenho seguido, eu precisava comemorar. Tive o meu inferno astral, mas não crise. Estou com 30 e estou bem. É o que temos para o momento", brinca.


Fonte: terra

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