Se
Taís Araújo tivesse de ser definida em uma palavra, a melhor certamente
seria “simpatia”. A moça esbanja. Fala com todo mundo, não é dada a
chiliques e está sempre disposta a colaborar. Para completar, tem
excelente senso de humor, seja fazendo piada
Se Taís Araújo tivesse de ser definida em uma palavra, a melhor certamente seria “simpatia”. A moça esbanja. Fala com todo mundo, não é dada a chiliques e está sempre disposta a colaborar. Para completar, tem excelente senso de humor, seja fazendo piada com seus colegas, seja rindo das próprias trapalhadas. No fundo, porém, a Preta de “Da Cor do Pecado”, jura que esse jeitão desencanado faz parte do universo de uma pessoa tímida. “Você não tem noção. Às vezes encontro colegas pelos quais tenho a maior admiração e só sai um ‘oi, tudo bem’. Olha que imbecil!”, tripudia.
A
autocrítica mordaz nem de longe condiz com a realidade. De tola a atriz
não tem nada. Dona de opiniões bem-construídas, Taís saboreia o sucesso
que tem feito na pele da ética Preta - e com ela a chance de ser a
primeira protagonista negra de uma novela da Globo. “Essa é a maior
responsabilidade da minha vida. Posso estar participando de uma
revolução cultural nesse país”, exagera.
A
afirmação, no entanto, só foi amadurecida quando a novela já estava no
ar. “Eu me protegi mesmo. Coloquei uma armadura e disse para mim mesma
que aquilo era normal, que só iria trabalhar mais que os outros”,
recorda Taís, que acaba de conquistar uma regalia e tanto. Não grava
mais aos sábados. “Ralo bastante a semana inteira e agora posso planejar
meu fim de semana”, gaba-se, feliz da vida.
A
alegria não se dá somente pela folga, é claro. Cada vez que discorre
sobre o perfil de sua personagem e a história contada diariamente pelo
autor João Emanuel Carneiro, a atriz fica com os olhos negros ainda mais
brilhantes. “Estamos mostrando uma história de amor muito bonita, e
isso comove as pessoas”, acredita Taís.
Não
apenas uma, mas várias histórias de amor, entrega e abnegação cercam a
trama das sete da Globo. Entre elas a relação de eterna cumplicidade de
Preta e Raí, o menino vivido por Sérgio Malheiros. “Ele é um filho quase
utópico. Não dá trabalho, é compreensivo, é amigo da mãe”, observa
Taís, que ao ler a sinopse original levou um baque ao se ver mãe de um
garoto de oito anos. “Comecei a imaginar a Preta engravidando aos 18
anos, como seria a vida dela. Acho que consegui levar para um lado
bacana”, conta a atriz de 25 anos.
Para
chegar ao exato perfil “mãe-pra-toda-a-obra” de Preta, Taís passou a
observar ainda mais a própria família. “Em casa todo mundo é muito
unido, muito carinhoso”, conta Taís que tem na mãe Mercedes e na irmã
Cláudia, além de grandes incentivadoras, inspiração inesgotável para a
personagem. Ainda mais agora que Cláudia se tornou mãe de gêmeos. “Minha
vida mudou depois dos meus sobrinhos. Isso me ajudou muito. Sinto um
amor incondicional por eles”, garante.
Tamanha
identificação com o universo infantil tem dado à atriz a oportunidade
de alcançar um outro tipo de telespectador. As crianças ficam loucas por
ela. “Noutro dia fui gravar num condomínio na hora em que chegava um
ônibus escolar. Todas as crianças gritavam pela Preta”, surpreende-se.
Taís já imaginava que isso poderia acontecer. “Lá no Maranhão me
chamavam de Barbie Malibu”, conta referindo-se à versão negra da boneca
americana.
A
atriz, que cresceu vendo Xuxa como ídolo, pois não tinha qualquer
referencial de alguém de sua raça na televisão, acha que Preta - a quem
chama carinhosamente de PB - “pretinha básica” - está contribuindo para
que os negros, finalmente, tenham acesso a bons papéis e sejam
evidenciados nas artes de um modo geral. “Não levantamos bandeira
alguma. É uma reação bacana. As pessoas se sentem representadas, felizes
em serem identificadas”, teoriza.
Surpresa
ao se dar conta de que em 2005 completa dez anos de carreira na tevê,
Taís ainda não consegue imaginar a repercussão que terá seu papel em “Da
Cor do Pecado” no futuro. “Tomara que eu ajude a criar pessoas bacanas
para esse país sem o ranço de preconceito. No mínimo, vou ter belas
histórias para contar aos meus netos”, planeja, sem esconder a emoção.
Fonte: 2Uol
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